Recorte Social: o lugar de fala dentro do lugar de fala
O machismo não é vivenciado da mesma forma por todas as mulheres. Elementos como raça, gênero, sexualidade e classe social influenciam na determinação do lugar de fala dentro do feminismo. Créditos da imagem: Alexandra Bowman.
O local de fala se caracteriza na voz de uma minoria ao falar de sua opressão. É o protagonismo de um grupo historicamente diminuído e silenciado dentro de sua própria história, sem que ele dependa de um mediador para que suas questões sejam conhecidas.
Mulheres, por exemplo, sofrem machismo e têm local de fala para debater sobre as consequências geradas por ele como, por exemplo: violência doméstica e sexual, salários menores, se comparados aos dos homens, na mesma função, dupla jornada e maternidade compulsória.
No entanto, embora alguns efeitos sejam comuns a todas, o machismo atinge mulheres de maneira diferente, e para que isso seja entendido, é preciso que haja recorte social. Mulheres brancas não possuem local de fala dentro da opressão de uma mulher negra e/ou lésbica, por exemplo. O recorte social leva em consideração o racismo, a hipersexualização e a solidão que mulheres negras sofrem, assim como considera o fetichismo e homofobia que mulheres lésbicas sofrem, e somente elas podem falar com conhecimento de causa a respeito desses efeitos, porque uma mulher branca e heterossexual terá, no máximo, uma percepção rasa desses problemas por não possuir vivência.
Portanto, é fundamental que essas mulheres tenham seu local de fala respeitado para que o feminismo possa compreender e alcançar as mais diversas camadas sociais e ser efetivo dentro de diferentes realidades que coexistem numa mesma sociedade.
Texto enviado pela nossa seguidora Fernanda Paranhos. Quer ver seu texto no blog do Instituto Mana? Basta enviá-lo para oinstitutomana@gmail.com